quinta-feira, 27 de novembro de 2014

RUBENS FRANCISCO LUCCHETTI: O REI DA LITERATURA MARGINAL

Rubens Francisco Lucchetti ao lado de cartaz de ‘O Escorpião Escarlate’, um dos filmes de terror que roteirizou (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)

Escritor, roteirista, desenhista, quadrinista, novelista... Rubens Francisco Lucchetti é tudo isso é muito mais, mas prefere mesmo é ser tratado como ficcionista, pois é na fantasia que encontra o seu lugar. Aliás, um espaço específico da imaginação: aquele repleto de seres mórbidos, fantasmagóricos e aterrorizantes.

Ao longo dos seus 72 anos de carreira fértil, o autodidata nascido em Santa Rita do Passa Quatro e hoje morador de Jardinópolis contabilizou números incríveis, como 1.547 livros, 25 roteiros de cinema, 30 seriados de rádio e mais de 300 roteiros de histórias em quadrinhos. Na maioria delas, o terror é uma tônica.

A coroação de seu trabalho, no entanto, ocorre agora, com sua contratação com exclusividade pelo Grupo Editorial ACP, do Rio de Janeiro, em parceria com a Editora Devaneio. Um selo editorial será criado para a Coleção R.F. Lucchetti, pelo qual 15 títulos serão publicados.

Chamado O Corvo, o selo é uma homenagem ao primeiro conto do autor, “A Única Testemunha”, e estreará com o livro “As Máscaras do Pavor”, história situada na França da década de 1970.

Uma série de produtos também deve popularizar as capas de seus livros em parceria com o já falecido desenhista Nico Rosso – no passado, eles formaram a melhor dupla das HQs brasileiras.


Reconhecimento

Com um site e uma página recém-criados no Facebook, Lucchetti está impressionado com o número de pessoas do mundo inteiro que acompanham e admiram o seu trabalho.

“Nos últimos 20 anos, andava meio tranquilo, mas essa novidade está fazendo eu me sentir um menino. Estou escrevendo uma HQ e também um filme sobre zumbis para Ivan Cardoso [cineasta], ‘As Mortas Vivas do Lago Maldito’”, conta Lucchetti com entusiasmo.

De acordo com o fã e amigo Geraldo Cossalter, a editora viu o grande potencial de negócio da obra de Lucchetti, mas também quer reconhecer o seu legado como pai da “pulp fiction” [leia a respeito à direita] no País, uma literatura considerada marginal, onde as cenas são mais marcantes que o roteiro.

Uma das exigências do autor, porém, foi que seus livros fossem impressos na Gráfica e Editora São Francisco, em Ribeirão Preto, cidade que adotou de coração e onde investiu fortemente na cena cultural.


‘Ele colocou Ribeirão preto no calendário do cinema mundial’

“Sou um apaixonado por Lucchetti. Ele colocou Ribeirão Preto no calendário do cinema mundial”, declara Fernando Kaxassa, diretor do Cineclube Cauim.

O empresário considera que o conterrâneo de coração é a figura central da cena cultural ribeirão-pretana e que foi a partir de suas ideias que o cinema chegou à cidade. “Lucchecci recebia cartas da França, oferecendo trabalho. Alheio a isso, ele fazia cinema na própria casa”, diz Kaxassa.


Pulp Fiction

Em tradução literal, “literatura barata”, era o nome dado a revistas feitas com papel de baixa qualidade (a “polpa”) a partir do início da década de 1900, geralmente dedicadas às histórias noir, fantasia e ficção científica. Não raro o termo “pulp fiction” foi usado para descrever histórias de qualidade menor ou absurdas (é esse sentido da palavra que o diretor Quentin Tarantino usou para nomear seu filme “Pulp Fiction - Tempo de Violência”). A despeito disso, vários escritores famosos já trabalharam em pulps, como Isaac Asimov, Raymond Chandler e Dashiell Hammett.

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