(Eu já me aventurei na criação de palíndromos...
Ame Lídia, Ana. Ai, dilema. No meu primeiro livro tem até um poema-concreto-palíndromo, o
PALÍNDROMO DO DESAMADO. Muitos palíndromos são criativos, mas outros caem na obviedade...)
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Ziro tem 64 anos e começou a gostar de palíndromo aos 12 anos (Foto: Adriana Justi / G1)
Palíndromos são palavras que podem ser lidas de maneira invertida. Curitibano criou 4,5 mil palíndromos, entre palavras, frases e poemas.
A brincadeira em criar palavras e frases que fazem leitura tanto da esquerda para direita quanto da direita para a esquerda, conhecida como palindromia, se tornou especialidade para o professor de Matemática Ziro Roriz. Aos 64 anos, ele coleciona mais de 4,5 mil palíndromos, entre palavras, frases, textos e poemas. Além de um texto palindrômico com 356 palavras.
"Considero como um desafio linguístico e, acima de tudo, uma brincadeira. Não consigo mais ler uma palavra sem imaginar uma forma de ela ser lida de maneira invertida", explica. O próprio nome dele, inclusive, é um palíndromo.
Os próximos objetivos de Roriz são o lançamento de um livro com aproximadamente 450 páginas, em março deste ano, e a realização de palestras sobre o assunto.
Ao G1, Roriz contou que a prática do palíndromo é tida por muitos como uma "inutilidade", mas que para ele é uma predileção e um incentivo à criatividade. "Eu aprendi a prestar atenção em mais palavras e a exercer a criatividade diariamente", conta.
Ziro explica que as frases palindrômicas não precisam ter sentido, mas tem que dar a mesma leitura no sentido contrário (Foto: Editoria de Arte / RPC TV)
"Tem gente que gosta de jogar futebol, assistir novela (...) eu gosto de criar palíndromos", brinca. Um dos palíndromos mais antigos da língua portuguesa, segundo ele, é o "ROMA ME TEM AMOR".
A frases palindrômicas não precisam, necessariamente, ter um sentido real, mas tem que dar a mesma leitura no sentido contrário letra por letra. "E para quem acha que isso é uma bobagem, eu diria que até uma 'MEGA BOBAGEM' pode ser um palíndromo. É só ler de trás para frente", brinca.
Frase é um dos palíndromos mais antigos da língua portuguesa, segundo Ziro (Foto: Editoria de Arte / RPC TV)
O palindromista começou a tomar gosto pela curiosidade em montar palavras invertidas aos 12 anos, na sala de aula, quando um colega escreveu no quadro "SOCORRAM-ME, SUBI NO ÔNIBUS EM MARROCOS".
"Aquilo me chamou muito a atenção. Achei curioso e fiquei imaginando várias outras frases que poderiam ter o mesmo sentido de trás para frente". "Comecei escrevendo algumas poesias, que, por sinal, eram muito ruins, brinca, mas que foram melhorando com o tempo", lembra Ziro.
Ele contou que, por conta das ocupações do dia a dia, acabou não dando tanta importância na época, mas que não conseguia mais ler o nome de uma placa ou conhecer o nome de alguém sem imaginar o inverso.
Ziro já criou mais de 4,5 mil palíndromos (Foto: Editoria de Arte / RPC TV)
Atualmente e já considerado como um especialista em palíndromos, Ziro destacou que em alguns casos uma só palavra não forma uma palíndromo. "O ideal é que as palavras sejam formadas de consoantes e vogais seguidas. Quando isso não acontece, normalmente é necessário acrescentar outra palavra. Para explicar, ele citou um exemplo com o nome Adriana. "O contrário não daria leitura, mas se eu formar a frase "ANAIR DA ADRIANA" forma uma palíndromo", justifica. "O palíndromo está em qualquer lugar. Basta ter criatividade".
Um desafio empolgante, conforme ele, é manter os sinais e acentos gráficos das letras da frase normal, nas mesmas letras da frase palindrômica, como por exemplo, "SOBRE VÓS SÓ VERBOS", ou "AMARGA É A GRAMA".
Confira o texto criado por Ziro com 356 palavras palindrômicas.