Artistas ilustram muros com poesias e artes em Guaxupé (Foto: João Paulo de Jesus Silva)
Para ‘quebrar’ a rotina da cidade, os amigos João Paulo de Jesus Silva e Marcos Paulo dos Santos criaram uma prática pouco comum em Guaxupé (MG). Com tintas e inspiração, eles picham alguns muros da cidade por meio do projeto batizado como Pixo Poético, que de acordo com eles, colore os ambientes cinza e incentiva a leitura.
“Queremos levar algumas mensagens positivas para as pessoas que muitas vezes, por causa da correria do cotidiano, não tem acesso ou desconhecem as poesias. Queremos provocar reflexões em quem lê as mensagens, despertando novos olhares para o mundo e incentivando a leitura”, resume cinegrafias, João Paulo, também conhecido como Kiko.
Mas este não é o único projeto desenvolvido por ele na cidade. Criador do coletivo Cultivo Hip-Hop e entusiasta da cultura, ele realiza mensalmente a roda de break na praça central do município, seguida por um sarau e sorteio de livros de literatura marginal, também a fim de estimular o gosto pela leitura.
Queremos levar algumas mensagens positivas para as pessoas que muitas vezes, por causa da correria do cotidiano, não tem acesso ou desconhecem as poesias"
Kiko, criador do Pixo Poético
“A ideia surgiu em uma conversa com um amigo sobre a falta de arte de rua em Guaxupé, que vive muito sobre cores de partidos políticos a cada administração que entra e deixa a cidade sem vida, sem graça. Por isso tivemos a ideia de levar as poesias para os muros, acompanhadas de ilustrações, para dar mais cor, arte e vida aos moradores”, completou.
E foi desta maneira que alguns muros – negociados com os proprietários previamente - ganharam as poesias de Sérgio Vaz e Ni Brisant, ambos poetas da literatura marginal/periférica, escolhidas a partir da visão dos idealizadores do projeto. “Após escolhermos os trechos que vão para os muros, o Marcos Paulo desenvolve um desenho para ilustrar e assim dá mais facilidade para as pessoas entenderem”, disse Kiko.
Quem vê, se encanta com a arte, como a dona de casa Elza de Lourdes Pelegrino. “Eu sou apaixonada pela poesia do Sérgio Vaz e quando vi no muro, achei muito lindo. Me deu vontade de ter no meu também”, destacou.
Frases de autores da literatura marginal são escolhidas pelos artistas (Foto: João Paulo de Jesus Silva)
Para o artista, o projeto é a oportunidade de fazer algo diferente, não apenas em termos de cultura para o município, mas também enquanto grafiteiro. “Eu me sinto livre ao fazer o Pixo Poético. É totalmente diferente dos outros grafites, pois neste caso há uma mescla de arte com literatura, escolhemos as frases e bolamos a arte, ou vice-versa, mas existe um trabalho que é elaborado previamente, sempre com um contexto crítico sobre a sociedade”, considerou Marcos Paulo.
E não existe limite para a arte criada pelos jovens. Questionados sobre a quantidade de muros que podem ganhar as poesias, eles são diretos: “Enquanto tiver poesia, muro e tinta, estaremos espalhando a mensagem na cidade”.
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