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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

COMO O KUNG FU SE TORNOU O SÍMBOLO DE UMA NOVA ERA PARA MONJAS DO NEPAL

Monjas de Druk Gawa Khilwa são as únicas que lutam kung fu no Nepal

O relógio mal chegou às 5h, mas no Monastério de Druk Gawa Khilwa, em Katmandu, a capital do Nepal, as monjas já iniciaram seu treino de kung fu.

Com uma perna dobrada à frente e a outra esticada para trás, saltam repetidamente, buscando a perfeição em uma série de exercícios de chutes. Gritos pontuam cada movimento, obedecendo ao ritmo de tambores à volta. Vestidas em robes marrons, adaptados para facilitar os movimentos, estão sorrindo, apesar do esforço.

Elas são as "monjas do kung fu", integrantes da única ordem feminina que pratica a mortal arte marcial popularizada por Bruce Lee.

O sistema monástico budista é patriarcal e considera as mulheres inferiores aos homens. Monges normalmente ocupam todas as posições de liderança, deixando para as monjas funções domésticas e trabalhos mais simplórios.

Mas em 2008 o líder espiritual Gyalwang Drukpa provocou uma revolução.


Defesa pessoal

Depois de uma visita ao Vietnã, na qual viu religiosas recebendo treinamento de combate, Gyalwang Drukpa decidiu levar a ideia para o Nepal e encorajar suas monjas a aprender defesa pessoal.

O motivo era simples: promover a igualdade de gênero e empoderar as jovens mulheres, que em sua maioria vêm de regiões pobres da Índia e do Tibete.

Monastério conta com lanchonete e albergue administrado pelas freiras

Diariamente, 350 monjas com idade entre 10 e 25 anos participam de três intensas sessões de exercícios. Além de posições e golpes, treinam com armas tradicionais como espadas, sabres, lanças e o nunchaku.

As que apresentarem maior força física e mental são treinadas na técnica de quebra de tijolos, que só é utilizada em cerimônias especiais, como o aniversário de Drupka.

As monjas dizem que o kung fu faz com que elas se sentam mais seguras, desenvolve a autoconfiança e as permite ficar em forma. Mas há ainda o bônus da melhora na concentração, algo útil na hora de sentar e meditar.

Jigme Konchok, de pouco mais de 20 anos e praticante do kung fu há cinco, explica o processo.

"Preciso estar constantemente a par de meus movimentos, saber se a técnica está correta ou não e corrigir imediatamente se necessário. Tenho que concentrar minha atenção na sequência de movimentos que memorizei e em cada movimento por vez. Se a mente vaga, o movimento sai errado ou o bastão cai. É a mesma coisa na meditação."

Cerca de 350 monjas treinam kung fu todos os dias


Novos tempos

Em nome da igualdade de gênero, o Gyalwang Drukpa também encoraja as monjas a aprender tarefas tradicionalmente masculinas no sistema budista, como encanamento, instalações elétricas, ciclismo e até mesmo aprender inglês.

Sob sua tutela, elas são treinadas para conduzir as sessões de oração e recebem noções de técnicas de administração - trabalho tipicamente feito pelos monges. Também cuidam do albergue e da lanchonete mantidos pelo monastério. São elas que conduzem os jipes para ir buscar suprimentos em Katmandu.

Imbuídas da nova confiança, as monjas estão empenhando suas habilidades e energia para o desenvolvimento comunitário.

Quando o Nepal foi atingido por um violento terremoto, em abril do ano passado, as elas se recusaram a abandonar a região e percorreram várias comunidades afetadas para abrir caminho para os serviços de resgate, além de distribuir comida para os sobreviventes e ajudar a montar barracas para os desabrigados.

No início de 2016, as monjas, comandadas pelo líder espiritual, percorreram os 2,2 mil km que separam Katmandu de Déli, na Índia, para fazer campanha por meios ecologicamente mais limpos de transporte.

Quando passaram por áreas turbulentas, como a Caxemira (território disputado por Índia e Paquistão), deram palestras sobre tolerância e diversidade.

Mas a prioridade na agenda das monjas é o empoderamento feminino. "O kung fu nos ajuda a desenvolver um certo tipo de confiança para cuidarmos de nós mesmas em horas de necessidade", explica Konchok.

terça-feira, 15 de abril de 2014

O QUEBRADOR DE PEDRAS

Era uma vez um simples quebrador de pedras que estava insatisfeito consigo mesmo e com sua posição na vida. 

Um dia ele passou em frente a uma rica casa de um comerciante. Através do portal aberto, ele viu muitos objetos valiosos e luxuosos e importantes figuras que freqüentavam a mansão. 

"Quão poderoso é este mercador!" pensou o quebrador de pedras. Ele ficou muito invejoso disso e desejou que ele pudesse ser como o comerciante. 

Para sua grande surpresa ele repentinamente tornou-se o comerciante, usufruindo mais luxos e poder do que ele jamais tinha imaginado, embora fosse invejado e detestado por todos aqueles menos poderosos e ricos do que ele. Um dia um alto oficial do governo passou à sua frente na rua, carregado em uma liteira de seda, acompanhado por submissos atendentes e escoltado por soldados, que batiam gongos para afastar a plebe. Todos, não importa quão ricos, tinham que se curvar à sua passagem. 

"Quão poderoso é este oficial!" ele pensou. "Gostaria de poder ser um alto oficial!" 

Então ele tornou-se o alto oficial, carregado em sua liteira de seda para qualquer lugar que fosse, temido e odiado pelas pessoas à sua volta. Era um dia de verão quente, e o oficial sentiu-se muito desconfortável na suada liteira de seda. Ele olhou para o Sol. Este fulgia orgulhoso no céu, indiferente pela sua reles presença abaixo. 

"Quão poderoso é o Sol!" ele pensou. "Gostaria de ser o Sol!" 

Então ele tornou-se o Sol. Brilhando ferozmente, lançando seus raios para a terra sobre tudo e todos, crestando os campos, amaldiçoado pelos fazendeiros e trabalhadores. Mas um dia uma gigantesca nuvem negra ficou entre ele e a terra, e seu calor não mais pôde alcançar o chão e tudo sobre ele. 

"Quão poderosa é a nuvem de tempestade!" ele pensou "Gostaria de ser uma nuvem!" 

Então ele tornou-se a nuvem, inundando com chuva campos e vilas, causando temor a todos. 

Mas repentinamente ele percebeu que estava sendo empurrado para longe com uma força descomunal, e soube que era o vento que fazia isso. 

"Quão poderoso é o Vento!" ele pensou. "Gostaria de ser o vento!" 

Então ele tornou-se o vento de furacão, soprando as telhas dos telhados das casas, desenraizando árvores, temido e odiado por todas as criaturas na terra. Mas em determinado momento ele encontrou algo que ele não foi capaz de mover nem um milímetro, não importasse o quanto ele soprasse em sua volta, lançando-lhe rajadas de ar. Ele viu que o objeto era uma grande e alta rocha. 

"Quão poderosa é a rocha!" ele pensou. "Gostaria de ser uma rocha!" 

Então ele tornou-se a rocha. Mais poderoso do que qualquer outra coisa na terra, eterno, inamovível. Mas enquanto ele estava lá, orgulhoso pela sua força, ele ouviu o som de um martelo batendo em um cinzel sobre uma dura superfície, e sentiu a si mesmo sendo despedaçado. 

"O que poderia ser mais poderoso do que uma rocha?!?" pensou surpreso. 

Ele olhou para baixo de si e viu a figura de um quebrador de pedras.

O POTE RACHADO

Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada em seu pescoço. Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe; o pote rachado chegava apenas pela metade. 

Foi assim por dois anos, diariamente, o carregador entregando um pote e meio de água na casa de seu chefe. 

Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição, e sentindo-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que ele havia sido designado a fazer. 

Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote falou para o homem um dia à beira do poço. 

"Estou envergonhado, e quero pedir-lhe desculpas." 
- "Por quê?" Perguntou o homem. 
- "De que você está envergonhado?" 
- "Nesses dois anos eu fui capaz de entregar apenas a metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho da casa de seu senhor. Por causa do meu defeito, você tem que fazer todo esse trabalho, e não ganha o salário completo dos seus esforços," disse o pote. 

O homem ficou triste pela situação do velho pote, e com compaixão falou: 

- "Quando retornarmos para a casa de meu senhor, quero que percebas as flores ao longo do caminho." 

De fato, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou as flores selvagens ao lado do caminho, e isto lhe deu certo ânimo. 

Mas ao fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado a metade, e de novo pediu desculpas ao homem por sua falha. 

Disse o homem ao pote: 

- "Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado. Eu ao conhecer o seu defeito, tirei vantagem dele. E lancei sementes de flores no seu lado do caminho, e cada dia, enquanto voltávamos do poço, você as regava. 
Por dois anos eu pude colher estas lindas flores para ornamentar a mesa de meu senhor. 
Sem você ser do jeito que você é, ele não poderia ter esta beleza para dar graça à sua casa."