quarta-feira, 24 de agosto de 2016

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO DE ARTE

“MINHA POESIA NÃO É FEITA PARA GERAR RENDA,
É PARA FAZER QUE O LEITOR PENSE E ENTENDA
QUE A ARTE SUBVERSIVA NÃO ESTÁ A VENDA,
NÃO É ALGO QUE É FEITO SOB ENCOMENDA.”

[Versos do poema PROTESTIZANDO]

O poema “PROTESTIZANDO” foi um dos primeiros que eu escrevi, na época em que comecei a estudar Filosofia, a observar certas coisas na sociedade e a desenvolver o meu senso crítico. Atualmente, penso que havia certa ingenuidade em algumas ideias, pois algumas requerem uma reflexão mais profunda e até mesmo um pouco mais de vivência. No entanto, muito do que abordo nele, mesmo depois de todo esse tempo - estudando e refletindo - ainda concordo.

Acontece que, recentemente, fiz o lançamento do meu livro A LER VAZIOS no Sarau Verso em Versos, onde me apresentei, falei um pouco sobre o meu processo criativo e tudo mais. Mencionei o preço do livro e, que pelo fato dele ser um tanto robusto (222 páginas), algumas pessoas me perguntaram por que eu não vendo ele a R$30. Falei que é mais justo vendê-lo a R$20, pois acho um valor mais acessível e eu também não saio no prejuízo.

Logo depois, uma moça que havia sido convidada para dar uma palavra sobre seus projetos e também sobre a produção e consumo de arte na periferia falou que, no caso de eu optar por vender o meu livro a R$20, eu estaria, de certa forma, subestimando todo o esforço que eu tive para produzi-lo, e que os artistas devem considerar todo o trabalho que tiveram na hora de estipular o preço final da sua obra.

Quando tive a palavra, respondi que, realmente, não discordo da ideia levantada por ela, pois, quem tem a sua arte como forma de subsistência, tem que colher todos os frutos do seu trabalho, pois é uma espécie de autogestão. Mas expliquei que, pelo fato de eu ter outra fonte de renda, e que não está diretamente atrelada com a venda de livros, eu poderia vendê-los a R$20, sem nenhum problema. Expliquei que eu não estava me prejudicando nem me subestimando, apenas estava tornando a obra mais acessível para as pessoas da periferia, as quais não possuem tantos recursos financeiros para comprar livros muito caros.

Isso ainda levanta outra reflexão, pois acho que algumas editoras, quando estipulam preços na venda de livros, estão promovendo, de certa forma, uma exclusão quanto ao acesso ao conhecimento, pois vendem por um valor muitíssimo maior do que o valor dos insumos para produção.

Enfim, decidir fazer todos os meus corres de forma independente para fugir desta lógica e também de outras burocracias que permeiam este espaço. E estou muito feliz do jeito que estou.

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