ZINES > PROTESTIZANDO > A LER VAZIOS
Sim. E não só como uma sucessão de lançamentos, mas, matematicamente
falando, eu não teria chegado aonde eu estou hoje se não tivesse a atitude de
começar por baixo, com a publicação dos meus primeiros versos em zines, os
quais eu fui divulgando nos rolês underground de música, antes mesmo de começar
a frequentar saraus.
A partir deles, tudo foi (r)evolução. Digo isso, analisando-os tanto
como um meio de publicação, bem como pelos conteúdos que preenchem as suas
páginas. Pois, durante o processo de divulgação - que foi independente - esse
contato com as pessoas me permitiu aprender cada vez mais, repensar as minhas
próprias ideias, e até mesmo me estimulou a buscar cada vez mais pelo aperfeiçoamento
pessoal, por meio do conhecimento de diversos pensadores, artistas e escritores
que me inspira(ra)m.
Depois da edição #3 do meu zine, eu já havia escrito uma quantidade
considerável de poemas, abordando várias temáticas e também características de
diversas escolas poéticas, como o haicai, a poesia concreta, o soneto e afins.
Nesse mesmo período, eu já conhecia alguns autores independentes, que
produziram os próprios livros e estavam fazendo os corres para divulgá-los, logo,
isso me incentivou a fazer o mesmo. Meter a cara no mundo. Dá-la a tapa. E foi o
que eu fiz. Com o livro PROTESTIZANDO - BIÊNIO POÉTICO.
Na época, eu me senti um pouco inseguro para convidar alguém para
escrever um texto para orelha, prefácio, contracapa, ou até mesmo para organizá-lo,
diagramá-lo etc., por isso, eu mesmo escrevi a orelha em terceira pessoa
(Sophia), escrevi um breve texto de introdução, e cuidei de toda parte
editorial - antes de mandar para a gráfica. Foi um trabalho árduo, mas, no
final, fiquei bem satisfeito.
Com a ajuda de diversas pessoas que estão neste circuito
poético-literário, fiz diversos lançamentos e consegui vender rapidamente todas
as 100 cópias que eu havia impresso. Logo depois, imprimi mais algumas - que
podem ser adquiridas comigo. Além disso, também liberei o livro para
visualização online, visto que o alcance e acesso se tornam muito maiores.
Hoje em dia, relendo alguns poemas e vendo algumas das minhas primeiras
experimentações publicadas, percebo um pouco de ingenuidade, sei lá... Mas, mesmo
assim, muito do que está escrito, tanto nos zines, como no livro, ainda está
dentro de mim - creio que de uma forma inerente: a subversão, a poesia, a criatividade, a
libido, o apreço pelo saber. Apenas acho que algumas coisas deveriam ter
amadurecido um pouco mais antes de virem ao mundo. Enfim. No meu próximo livro,
A LER VAZIOS, em consequência dessa experiência, das leituras, dos estudos e
das vivências, me vejo muito mais maduro, tanto em relação ao conteúdo dos meus
versos quanto pelas minhas criações visuais.
Penso que tudo isso, meus zines e meus livros PROTESTIZANDO e A LER
VAZIOS, são os primeiros degraus de uma escada que me levará a algum lugar.
Espero que seja para um mundo melhor, onde eu possa encontrar todas as pessoas
que (r)existem e também tentam fazer desta sociedade um espaço de respeito e
harmonia.
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