quinta-feira, 13 de outubro de 2016

COMUNICADO

Criei este blog com o intuito de compartilhar os meus escritos e os meus zines, no entanto, de um tempo para cá, o conteúdo tem se tornado muito diversificado e acabou fugindo um pouco da proposta inicial. Logo, informo que, a partir de agora, farei as publicações dos meus versos e sobre os mais variados assuntos no meu novo blog.

P.S.: Não desativarei o ZINE PROTESTIZANDO, pois existe muito conteúdo dele circulando pela rede. Apenas exportarei todo seu conteúdo para o POLYMATUS, o qual seguirei alimentando.

POLYMATUS - Daniel Brito > http://daniel-brito.blogspot.com.br/

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O CENTENÁRIO DO INVENTOR QUE AJUDOU A SALVAR MILHÕES DE VIDAS

Frank Pantridge ajudou a salvar muitas vidas

O professor Frank Pantridge é lembrado como o cardiologista que inventou o desfibrilador portátil, equipamento que ajudou a salvar milhões de vidas nos últimos 50 anos.

E, segundo familiares, era também conhecido por não poupar críticas às autoridades - alguns acreditam que essa tenha sido a razão pela qual o médico, cujo centenário de nascimento foi celebrado na última segunda, não alcançou o merecido crédito no Reino Unido.

"Na nossa família, Frank é lembrado como uma grande personalidade completamente dedicada ao trabalho, mas que era o centro das reuniões familiares em que ele chegava invariavelmente com uma hora de atraso", disse Victoria Jordan, sua sobrinha-neta.

"Era uma companhia agradável, tinha um jeito árduo e uma opinião crítica em relação às autoridades - em particular, aos políticos."


Expulso da escola

Quem acompanhou a infância problemática de Pantridge dificilmente arriscaria que um dia ele salvaria tantas vidas com sua invenção - como a do ex-jogador de futebol Fabrice Muamba, que teve um ataque cardíaco durante um jogo em 2012 e foi salvo pelo uso do desfibrilador portátil.

Frank Pantridge foi homenageado com estátua em Lisburn, onde estudou

Ele cresceu em uma fazenda nas cercanias do vilarejo de Hillsborough, na Irlanda do Norte, e perdeu o pai aos dez anos.

Mas mesmo após ter sido expulso da escola algumas vezes, se formou na vizinha Lisburn e, em 1939, concluiu o curso de Medicina na Queen's University, em Belfast.

Durante a Segunda Guerra Mundial, ele foi enviado para o Extremo Oriente como médico de um batalhão de infantaria. Em 1942, foi capturado em Cingapura e, como prisioneiro de guerra, passou muito tempo fazendo trabalhos forçados nos trilhos de trem de Mianmar (antiga Birmânia).


Reconhecimento militar

Pantridge sobreviveu à beribéri - doença na qual a falta de uma vitamina prejudica o coração -, o que pode ter despertado seu interesse pelos males cardíacos.

Fabrice Muamba foi salvo por desfibrilador portátil após ataque cardíaco

O médico foi reconhecido pelo seu trabalho militar e ganhou uma medalha com a seguinte citação: "Este homem trabalhou diante das condições mais adversas, em meio a bombardeios, e foi inspiração para todos com quem esteve em contato. Ele permaneceu absolutamente calmo mesmo diante da mais intensa artilharia".

Em 1950, ele foi nomeado como físico no Hospital Royal Victoria, em Belfast. Naqueles tempos, as doenças coronárias haviam atingido patamares de epidemia.

Os médicos sabiam que a maioria das mortes relacionadas a esses males resultava de um distúrbio no ritmo dos batimentos cardíacos, que poderia ser corrigido com um choque elétrico no peito.

Pantridge sugeriu que tais distúrbios deveriam ser corrigidos onde acontecessem - fosse no trabalho, em casa ou na rua. Mas isso significava ter de usar um desfibrilador portátil, algo que ainda não existia.

Foi assim que, com a ajuda de outras duas pessoas, o professor inventou em 1965 o primeiro desfibrilador portátil do mundo, que usava as baterias dos automóveis.

O aparelho foi instalado na ambulância local e foi usado pela primeira vez em janeiro de 1966. O primeiro modelo pesava 70 kg - hoje, a versão mais moderna pesa apenas 3 kg.

A invenção de Pantridge usava baterias de carro

No Reino Unido, porém, a invenção alcançou uma modesta participação - só em 1990 os aparelhos foram colocados nas ambulâncias.

Nos EUA, a história foi diferente. Com o chamado "Plano Pantridge", os equipamentos foram rapidamente colocados em operação em vários hospitais do país.

Em um dos casos mais emblemáticos, o desfibrilador portátil foi usado para socorrer o ex-presidente Lyndon Johnson após ele sofrer um ataque cardíaco na Virgínia, em 1972.

Frank Pantridge se tornou tão conhecido em terras americanas à época que chegaram a dizer que ele poderia se candidatar ao Congresso.


Legado

Morto em 2004, Pantridge era visto como uma pessoa franca e complexa.

Em seu obituário no jornal inglês The Guardian, lia-se: "Inquestionavelmente focado e brilhante, trouxe avanços únicos para a cardiologia. Podia ser briguento, áspero e às vezes rude, mas era também generoso. Para gostar de uma pessoa, tinha que respeitá-la, e daí seria um amigo leal."

O impacto de Frank Pantridge na medicina ainda é sentido hoje em dia

Muitos no campo da Medicina acreditam que a sua natureza franca, sem rodeios, e os problemas com as autoridades foram o motivo de ele não ter recebido o merecido reconhecimento.

Frank Kelly, integrante da equipe que colocou o desfibrilador em produção, diz ter boas memórias do tempo em que trabalhou com o cardiologista.

"Ele era um homem muito talentoso", disse. "Fez o desfibrilador se tornar mais acessível e salvou muitas vidas. Ficou feliz de ter participado disso."

Segundo a sobrinha-neta Victoria Jordan, os feitos de Pantridge são motivo de muito orgulho para a família.

"Acho que ele ficaria satisfeito por ser lembrado como pioneiro no seu ramo da Medicina. E como alguém que dava valor às suas raízes."

COMO O KUNG FU SE TORNOU O SÍMBOLO DE UMA NOVA ERA PARA MONJAS DO NEPAL

Monjas de Druk Gawa Khilwa são as únicas que lutam kung fu no Nepal

O relógio mal chegou às 5h, mas no Monastério de Druk Gawa Khilwa, em Katmandu, a capital do Nepal, as monjas já iniciaram seu treino de kung fu.

Com uma perna dobrada à frente e a outra esticada para trás, saltam repetidamente, buscando a perfeição em uma série de exercícios de chutes. Gritos pontuam cada movimento, obedecendo ao ritmo de tambores à volta. Vestidas em robes marrons, adaptados para facilitar os movimentos, estão sorrindo, apesar do esforço.

Elas são as "monjas do kung fu", integrantes da única ordem feminina que pratica a mortal arte marcial popularizada por Bruce Lee.

O sistema monástico budista é patriarcal e considera as mulheres inferiores aos homens. Monges normalmente ocupam todas as posições de liderança, deixando para as monjas funções domésticas e trabalhos mais simplórios.

Mas em 2008 o líder espiritual Gyalwang Drukpa provocou uma revolução.


Defesa pessoal

Depois de uma visita ao Vietnã, na qual viu religiosas recebendo treinamento de combate, Gyalwang Drukpa decidiu levar a ideia para o Nepal e encorajar suas monjas a aprender defesa pessoal.

O motivo era simples: promover a igualdade de gênero e empoderar as jovens mulheres, que em sua maioria vêm de regiões pobres da Índia e do Tibete.

Monastério conta com lanchonete e albergue administrado pelas freiras

Diariamente, 350 monjas com idade entre 10 e 25 anos participam de três intensas sessões de exercícios. Além de posições e golpes, treinam com armas tradicionais como espadas, sabres, lanças e o nunchaku.

As que apresentarem maior força física e mental são treinadas na técnica de quebra de tijolos, que só é utilizada em cerimônias especiais, como o aniversário de Drupka.

As monjas dizem que o kung fu faz com que elas se sentam mais seguras, desenvolve a autoconfiança e as permite ficar em forma. Mas há ainda o bônus da melhora na concentração, algo útil na hora de sentar e meditar.

Jigme Konchok, de pouco mais de 20 anos e praticante do kung fu há cinco, explica o processo.

"Preciso estar constantemente a par de meus movimentos, saber se a técnica está correta ou não e corrigir imediatamente se necessário. Tenho que concentrar minha atenção na sequência de movimentos que memorizei e em cada movimento por vez. Se a mente vaga, o movimento sai errado ou o bastão cai. É a mesma coisa na meditação."

Cerca de 350 monjas treinam kung fu todos os dias


Novos tempos

Em nome da igualdade de gênero, o Gyalwang Drukpa também encoraja as monjas a aprender tarefas tradicionalmente masculinas no sistema budista, como encanamento, instalações elétricas, ciclismo e até mesmo aprender inglês.

Sob sua tutela, elas são treinadas para conduzir as sessões de oração e recebem noções de técnicas de administração - trabalho tipicamente feito pelos monges. Também cuidam do albergue e da lanchonete mantidos pelo monastério. São elas que conduzem os jipes para ir buscar suprimentos em Katmandu.

Imbuídas da nova confiança, as monjas estão empenhando suas habilidades e energia para o desenvolvimento comunitário.

Quando o Nepal foi atingido por um violento terremoto, em abril do ano passado, as elas se recusaram a abandonar a região e percorreram várias comunidades afetadas para abrir caminho para os serviços de resgate, além de distribuir comida para os sobreviventes e ajudar a montar barracas para os desabrigados.

No início de 2016, as monjas, comandadas pelo líder espiritual, percorreram os 2,2 mil km que separam Katmandu de Déli, na Índia, para fazer campanha por meios ecologicamente mais limpos de transporte.

Quando passaram por áreas turbulentas, como a Caxemira (território disputado por Índia e Paquistão), deram palestras sobre tolerância e diversidade.

Mas a prioridade na agenda das monjas é o empoderamento feminino. "O kung fu nos ajuda a desenvolver um certo tipo de confiança para cuidarmos de nós mesmas em horas de necessidade", explica Konchok.

COMO A LÂMPADA ELÉTRICA PROVOCOU UMA REVOLUÇÃO CIENTÍFICA E SE TORNOU UM PESADELO PARA ALBERT EINSTEIN

Jim Al-Khalili
Físico teórico, especial para a BBC

A lâmpada foi responsável pelo nascimento de uma das teorias mais importantes da ciência

Apesar das complexidades da vida diária, as regras do nosso universo parecem reconfortantemente simples: a água de um rio sempre flui montanha abaixo, a pedra que você joga das margens sempre cai seguindo a mesma curva previsível.

Mas quando os cientistas se debruçaram para pesquisar sobre os minúsculos blocos elementares da matéria, toda a certeza se dissipou: eles encontraram o estranho mundo da mecânica quântica.

Se olharmos profundamente tudo que nos cerca, encontramos um universo completamente diferente do nosso.

Parafraseando um dos fundadores da mecânica quântica, "o que chamamos de real é formado por coisas que não podemos considerar reais".

Há cerca de cem anos, vários dos maiores cientistas da história entraram nesse mundo estranho e descobriram que nesse reino diminuto os objetos podem estar em dois lugares ao mesmo tempo e que o destino é ditado pelo acaso - trata-se de uma dimensão na qual a realidade desafia o senso comum.

E eles então se depararam com uma possibilidade aterrorizante: a de que tudo que pensávamos e sabíamos sobre o mundo poderia estar completamente errado.

E a história de nossa caminhada ao delírio científico começou com um objeto muito improvável.


Berlim, 1890

Na Alemanha do século 19, várias empresas de engenharia compraram patente da lâmpada elétrica

A Alemanha era um novo país, recentemente unificado e ansioso pela industrialização.

Várias empresas de engenharia foram fundadas e foram gastos milhões na compra da patente europeia da nova invenção de Thomas Edison: a lâmpada elétrica, a epítome da tecnologia moderna e um grande símbolo otimista de progresso.

As companhias de engenharia sabiam que poderiam ganhar fortunas se encarregando de iluminar as ruas do novo império alemão.

O que não se conseguiu prever então foi que isso iniciaria uma revolução científica. Ainda que pareça estranho, esse simples objeto foi responsável pelo nascimento de uma das teorias mais importantes de toda a ciência: a mecânica quântica.


Como?

O foco de luz apresentava um problema estranho. Os engenheiros sabiam que se os filamentos esquentavam com a eletricidade, eles brilhavam. Mas não sabiam por quê.

Algo tão básico como a relação entre a temperatura do filamento e a cor da luz que produzia era um mistério total, que eles obviamente desejavam resolver.

Com a ajuda do Estado alemão, os pesquisadores teriam como viabilizar isso. Em 1887, o governo investiu milhões em um novo instituto de pesquisa técnica em Berlim, o Physikalisch-Technische Reichsanstalt, ou PTR.

Em 1900, contrataram um cientista brilhante, ainda que um pouco purista, para desenvolver pesquisas no local: Max Planck.

O trabalho de Max Planck em mecânica quântica lhe rendeu o Nobel de Física em 1918

Ele se propôs a resolver o problema aparentemente simples da mudança de cor do filamento com a temperatura.

Para fazer isso, Planck e sua equipe fizeram um tubo especial que podiam esquentar a temperaturas muito precisas junto com um dispositivo que media a cor ou a frequência da luz que produzia.

Na medida em que a temperatura aumentava, as cores mudavam: a 841°C, a luz era vermelha alaranjada. A 2000°C, mais brilhante e branca.

Foi então que comprovaram que, para chegar a essa tonalidade, precisavam de 40 quilowatts.

Mas algo chamou a atenção: aquela luz era mais que branca, era branca avermelhada, quase não tinha azul.

Com surgimento das lâmpadas, cientistas se perguntaram por que a luz emitida não era mais azul, como nas velas

Por que era tão difícil chegar ao azul? E mais adiante do azul no espectro, a chamada luz ultravioleta quase não se produz.

Nem sequer uma estrela como o Sol, que arde a 5000°C, produz tanta luz ultravioleta como se pode imaginar diante de sua temperatura.


A catástrofe e o efeito

Essa extraordinária falta de sentido deixou os cientistas do final do século 19 tão perplexos que eles a batizaram com um nome um tanto dramático: a catástrofe ultravioleta.

Planck então deu o primeiro passo para resolvê-la: encontrou um vínculo matemático preciso entre a cor e a luz, sua frequência e sua energia, ainda que não tenha compreendido a relação entre elas. Mas foi outra estranha anomalia que se tornou o pulo do gato para a descoberta.

No final do século 19, os cientistas estavam estudando as então recém-descobertas ondas de rádio e a maneira como faziam as transmissões.

Para tanto, construíram aparelhos com discos giratórios que podiam gerar alta voltagem, o que produzia faíscas entre as duas esferas de metal.

"Por que iluminar esferas feitas de metal faziam com que as faíscas fossem mais rápidas?", se perguntavam os cientistas

Ao fazer isso, eles descobriram algo inesperado relacionado à luz.

Se dirigiam uma luz poderosa para iluminar as esferas, as faíscas saíam com mais facilidade. Isso indicava que havia uma conexão misteriosa e inexplicável entre a luz e a eletricidade.

Mais que isso, a conexão era com a luz azul e ultravioleta, não com a vermelha.

Esse novo quebra-cabeça foi batizado de efeito fotoelétrico, que, com a catástrofe ultravioleta, se converteu em um sério problema para os físicos, pois ninguém podia resolver as questões mesmo com as técnicas mais avançadas da ciência da época.


Quantum

Por que a luz vermelha intensa não conseguia produzir o que a frágil ultravioleta alcançava em segundos?

Para resolver o problema, alguém teria que pensar o impensável - e em 1905, alguém fez exatamente isso.

E esse alguém foi Albert Einstein. O que ele sugeriu foi revolucionário.

Não foi pela Teoria da Relatividade que Einstein recebeu o Nobel, mas "especialmente por sua descoberta da lei do efeito fotoelétrico"

Ele argumentou que era preciso esquecer que a luz era uma onda e pensá-la como um fluxo de partículas. O termo que usou para denominar essas partículas de luz foi "quanto" - do latim quantum, que significa quantidade.

Apesar de a palavra ser nova, a ideia de que a luz poderia ser um quantum era mais que excêntrica. E foi justamente seguindo essa linha de raciocínio que Einstein chegou à sua conclusão lógica que acabou solucionando todos os problemas com a luz.


Grandes traços

De acordo com a proposta de Einstein, cada partícula de luz vermelha tem pouca energia porque sua frequência é baixa - o contrário do que ocorre com a luz ultravioleta.

Era por isso que, no efeito fotoelétrico, a ultravioleta era a que tinha forças para mudar o que ocorria com a eletricidade.

E era por isso que na catástrofe ultravioleta a lâmpada não brilhava com luz azul nem ultravioleta, pois isso requeria muito mais energia.

A luz ultravioleta iluminou a revolução na física

"Esse momento, no começo do século 20, marcou uma revolução genuína, pois demonstrou que a Física tinha que ser abordada de maneira completamente nova", diz o historiador da ciência e físico Graham Farmelo.

"Foi aí que a Física moderna realmente começou."


Um legado difícil de resolver

Foi assim que uma simples pergunta - "como funcionam as lâmpadas de luz?" - levou cientistas até as profundidades do funcionamento escondido da matéria, a explorar os componentes subatômicos do nosso mundo e a descobrir fenômenos até então inéditos.

Foi assim que se abriram as portas da física quântica.

Cientistas chegaram a propor teorias tão estranhas que um deles, o brilhante Neils Bohr, chegou a dizer que se alguém não se sentia confuso com a mecânica quântica era porque não a havia entendido.

E foi assim que ele e seus colegas que criaram a mecânica quântica - uma teoria maluca da luz que acolhe a contradição, não importando se é quase impossível de entender.

Uma ciência que argumentava coisas tão inusitadas como que não é possível saber onde está um elétron até que se consiga tirar suas medidas - e não apenas que não se sabe onde o elétron está, mas que ele está em todas as partes ao mesmo tempo.

Bohr e Einstein discutiram durante anos sobre a mecânica quântica

Mas Albert Einstein, que abriu as portas deste mundo, pouco depois se sentiu incomodado com o caminho que ele havia tomado.

Einstein odiava a ideia de que a natureza, no seu nível mais fundamental, estava governada pelo acaso. Tampouco gostava da ideia de que o saber tinha um limite.

Estava convencido de que tinha que haver uma teoria subjacente menor e até chegou a propô-la.

Durante anos Einstein e Bohr discutiram apaixonadamente sobre a mecânica quântica implicar na renúncia da realidade ou não. E morreram deixando essa interrogação.

EVENTO: ENCONTRAÇÃO IV @ ESPAÇO PARA MOVIMENTAÇÃO ARTÍSTICA LIVRE - 09/10/16

Nesta edição estarei lançando o meu livro A LER VAZIOS.

pela
qu4rt4 vez
nos encontrar iremos

nossas paredes juntas separando
nossos corpos de espaços outros
preenchidas pela arte deles nossa

>>Perego, PG, Mafagafo, Francisco Rosa, Katerine, Mayara Pascotto

e nesses meios coisas acontecendo

>>cia do piolho
>>okupação laranja
>>samba do professor
>>teatro de gambota

sarau lho emos pela sé7ima vez
movidos pela paixão pela arte
abrir iremos nosso espaço mais uma vez
e ainda não será a última


CONVERGÊNCIAS: POESIA CONCRETA E TROPICALISMO - LÚCIA SANTAELLA

Excertos que eu julguei serem importantes para certo entendimento da poética concretista e marginal:

“Ser escritor, no Brasil, já é difícil. Ser poeta, uma obstinação tão sem remédio e sem compensações, que só mesmo acreditando, como Fernando Pessoa, cumprir informes instruções do Além. De qualquer modo, ser poeta para mim é inelutável. A flor flore. A aranha tece. O uirapuru, no fundo da floresta, toca uma vez por ano a sua flauta, para ninguém. O poeta poeta. Quer o vejam, quer não, ele pulsa. O pulsar quase mudo.” - Augusto de Campos

“... na poesia concreta ocorre a atomização vocabular.”

“... os impressionistas beneficiaram-se sobremaneira dos avanços da química e da física, que provocaram um obstinado e rigoroso trato com a materialidade das tintas, a fim de obtenção de novas gamas e tonalidades.”

“... do mesmo modo que o jornal não é uma sucessão de texto mais ilustração, mas uma nova forma a exigir a ginástica do olho. Se o livro exigia um ritual de leitura assentado num silêncio quase sacro, o jornal vem despido da “aura” quer pelo baixo custo, que pelo formato e pela mobilidade oferecida pelo seu quadro visual: a superfície plana da página desdobra-se num mosaico de pontos de vista a exigir uma nova dinâmica ocular.”

“É por essas razões que nos recusamos, já de saída, a catalogar poesia concreta no âmbito restrito das práticas da linguagem erudita em oposição ao Tropicalismo, este, no âmbito estrito do popular. Ao contrário, ambos operam e partem de uma mesma esfera: a arte. A diferença se dá nos meios técnicos de produção e difusão disponíveis nas áreas em que cada uma dessas criações opera. Errôneo, portanto, afirmar que a poesia concreta, “de per si”, se fecha no casulo dos poucos privilegiados que têm acesso aos estratos literários da cultura, enquanto a música popular, por sua própria natureza, se abre para a margem mais ampla das massas.”

“A poesia concreta do tipo ortodoxo, como foi praticada nos anos 50, constitui apenas uma parte do nosso trabalho... Os poemas nunca serão deduzidos de uma teoria e sim esta deles. A teoria vem sempre depois, para ordenar o caos e projetar um caminho.”

“Tarefa do poeta concreto será a criação de formas, a produção de estruturas-conteúdos artísticas cujo material é a palavra.” - Haroldo de Campos

“O poeta é um designer da linguagem.” - Décio Pignatari

“Mas é Augusto de Campos que poderá, na conjugação de Maiakóvski, dizer-nos porque isso ocorre: “A poesia toda é uma viagem ao desconhecido. Com ou sem palavras, não faz por menos. E não há etiqueta, mordaça ou camisa-de-força que impeça o poeta de partir.”

“Não há mudanças nos conteúdos de uma linguagem sem a revolução nos modos de formar, estruturar essa linguagem. Contudo, revoluções na estrutura de uma linguagem só se consumam substancialmente, isto é, no limite, quando são transformados os meios de produção dessa linguagem. É em razão disso que, para Benjamin, a tarefa do artista não é apenas a de fazer uso crítico-ativo dos novos meios técnicos de produção da linguagem, mas também a de transformar os modos de produção artística mais antigos.”

“É certo que os poemas concretos apresentam um caráter de comunicação direta, breve, que incide sobre a sincronização dos sentidos e que impede a dissipação do ato receptivo em voos subjetivos imaginosos que levariam o receptor para longe do universo poemático. No entanto, esses poemas criam também a exigência irrecusável de uma modificação nos comportamentos da leitura, consensualmente tidos como literários. O choque, a necessidade de mudanças nos hábitos arraigados de leitura produz, leva ao distanciamento, ao mesmo tempo que os poemas como corpos sígnicos-sensíveis apelam para uma aproximação lúdico-sensória. Este entrechoque gera no receptor, em primeira instância, a impressão de ininteligibilidade do poema. Ironicamente, essa impressão é gerada justo porque esses poemas não são feitos para serem inteligidos no sentido estritamente racional do termo ou no sentido do devaneio vaporoso travestido de racionalidade. São feitos entre outras coisas, para a regeneração da sensibilidade perceptiva, para tornar mais humanos os sentidos humanos. (Questão a que as outras artes - visuais ou musicais - também não estão alheias e que, aliás, não passou despercebida a Marx).”

“A expansão da indústria de best-sellers entorpecentes e do livro de entretenimento ou de receituário do bom-viver se viu e se vê acompanhada pelo encolhimento da oferta e demanda de poesia. Diante desse quadro, “não parece absurdo afirmar”, conforme nos diz G.E. Carneiro, que, “em matéria de oferta editorial, toda poesia brasileira contemporânea é marginal.”

“Não apenas, desde o início de sua produção, os poetas concretos não ignoraram, mas até hoje continuam alertas à necessidade histórica de transformação dos meios e modos de facção da poesia e da apropriação dos novos recursos materiais e técnicos que determinam a natureza desse fazer, assim como dos modelos de linguagem e sensibilidade que, nesse fazer, se consubstanciam.”


FILMES QUE ME INSPIRAM

Gosto muito de listas com recomendações de filmes, livros, revistas, documentários, seriados, quadrinhos, mangás, animes e afins. Apenas penso que, às vezes, faltam algumas obras que também mereciam estar referenciadas pela qualidade que representam para mim. Mas logo me lembro de que esse tipo de atividade é algo bastante subjetivo.

Existem diversas obras cinematográficas que abordam o campo da poesia, do aprendizado, da criatividade e da inovação que me inspiram bastante. Não importa quantas vezes eu assista estes filmes, sempre que eles terminam, tenho vontade de fazer a diferença, de me desenvolver cada vez mais, de criar algo, independente da fase que eu esteja passando, seja por uma crise existencial ou até mesmo por um momento agradável. Por isso, decidi selecionar alguns dos que assisti até o momento e criar esta lista (que não segue nenhuma ordem hierárquica de classificação):



Em 1959 na Welton Academy, uma tradicional escola preparatória, um ex-aluno (Robin Williams) se torna o novo professor de literatura, mas logo seus métodos de incentivar os alunos a pensarem por si mesmos cria um choque com a ortodoxa direção do colégio, principalmente quando ele fala aos seus alunos sobre a "Sociedade dos Poetas Mortos".





Uma ex-oficial da marinha abandona a vida militar para ser professora de inglês. Só que logo na primeira escola em que começa a lecionar, ela vai se deparar com diversas barreiras. Sendo um colégio de negros, latinos, e na maioria de pessoas pobres, ela terá que lidar com a rebeldia dos alunos. Como a professora Louanne Johnson não consegue através de métodos convencionais a atenção da sua classe, ela parte para outra forma de ensino. Passa a dar aulas com karatê e músicas de Bob Dylan, tentando ajudar a turma através de métodos pouco convencionais.





Uma jovem e idealista professora chega à uma escola de um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, para fazer com que os alunos aprendam e também falem mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell (Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos vão retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o conhecimento, e reconhecendo valores como a tolerância e o respeito ao próximo.





Em Boston, um jovem de 20 anos (Matt Damon) que já teve algumas passagens pela polícia e  é servente de uma universidade, revela-se um gênio em matemática e, por determinação legal, precisa fazer terapia, mas nada funciona, pois ele debocha de todos os analistas, até se identificar com um deles.





Por razões políticas o poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) se exila em uma ilha na Itália. Lá um desempregado (Massimo Troisi) quase analfabeto é contratado como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondência do poeta, e gradativamente entre os dois se forma uma sólida amizade.





Com direção do mestre italiano Roberto Rossellini (Roma, Cidade Aberta), esta superprodução européia é a cinebiografia de Sócrates (470 - 333 a.C.), um dos maiores filósofos da Humanidade. Este DVD traz ainda um revelador depoimento de Roberto Bolzani, professor de Filosofia (USP) e especialista em filosofia socrática. Rossellini mostra o final da vida de Sócrates, em especial seu julgamento e sua condenação à morte, com destaque para os célebres diálogos socráticos: "Apologia", discurso de defesa do filósofo; "Críton", em que um dos seus discípulos tenta convencê-lo a fugir da prisão; e "Fédon", com seus últimos ensinamentos antes de tomar a cicuta. Inédito no Brasil, Sócrates é mais uma aula de cinema de Rossellini e um programa obrigatório para os interessados em Filosofia.





Após ser deixado por oito anos seguidos em um colégio interno, Rohan (Rajat Barmecha) volta à pequena cidade industrial de Jamshedpur, após ser expulso e encontra um pai autoritário e um meio-irmão mais novo que ele não sabia que existia. Forçado a trabalhar na fábrica de aço do pai e a estudar engenharia contra sua vontade, ele tenta moldar sua própria vida fora das circunstâncias, correndo atrás do sonho de ser escritor.





John Nash (Russell Crowe) é um gênio da matemática que, aos 21 anos, formulou um teorema que provou sua genialidade e o tornou aclamado no meio onde atuava. Mas aos poucos o belo e arrogante Nash se transforma em um sofrido e atormentado homem, que chega até mesmo a ser diagnosticado como esquizofrênico pelos médicos que o tratam. Porém, após anos de luta para se recuperar, ele consegue retornar à sociedade e acaba sendo premiado com o Nobel.





Em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), analista de sistemas graduado em Harvard, se senta em seu computador e começa a trabalhar em uma nova ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história com o sucesso da rede social Facebook. O sucesso, no entanto, o leva a complicações em sua vida social e profissional.





Katharine Watson (Julia Roberts) é uma recém-graduada professora que consegue emprego no conceituado colégio Wellesley, para lecionar aulas de História da Arte. Incomodada com o conservadorismo da sociedade e do próprio colégio em que trabalha, Katharine decide lutar contra estas normas e acaba inspirando suas alunas a enfrentarem os desafios da vida.





Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico monta uma equipe que tem por objetivo quebrar o Enigma, o famoso código que os alemães usam para enviar mensagens aos submarinos. Um de seus integrantes é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um matemático de 27 anos estritamente lógico e focado no trabalho, que tem problemas de relacionamento com praticamente todos à sua volta. Não demora muito para que Turing, apesar de sua intransigência, lidere a equipe. Seu grande projeto é construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades de codificação do Enigma em apenas 18 horas, de forma que os ingleses conheçam as ordens enviadas antes que elas sejam executadas. Entretanto, para que o projeto dê certo, Turing terá que aprender a trabalhar em equipe e tem Joan Clarke (Keira Knightley) sua grande incentivadora.





Baseado na biografia de Stephen Hawking, o filme mostra como o jovem astrofísico (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa quando tinha apenas 21 anos.


ALUMINIONS #40

That's all folks!

ALUMINIONS #39

Bruxa do 71.

EVENTO: ESPETÁCULO GRAJAÚ CONTA DANDARAS, GRAJAÚ CONTA ZUMBIS

Espetáculo importante para aprendermos um pouco mais da nossa história:


Partimos do território para poder escapar, poder ir além do que está posto, para dar outros entendimentos para nossas condições. Grajaú um território cheio de vida, pulsa calor, afetividade, vizinhança, favela, represa, pessoas, bares, igrejas, varais. Pulsa viela, escadões, becos, poesia, rap, grafite, capoeira, funk, samba... Mas também pulsa estruturas sólidas que nos condicionam o tempo todo. Pulsa machismo, racismo, homofobia, transfobia. Pulsa vidas, um emaranhado de gente, é tanta gente que os olhos da gente se perde na imensidão.

O espetáculo não toca na ferida ele é pus que escorre das feridas, ele é o sangue vermelho que desce as vielas, ele é o grito, o silêncio. Ele é o balanço gostoso do pagode na laje e a crueldade do menino preto estirado em uma poça de sangue.

Ele é uma tentativa de vivenciar juntos, artisticamente. Mas a arte atravessa a vida e a vida a arte, é uma linha frágil que por muito pouco se arrebenta. Ele não é a realidade do Grajaú, ele é uma das narrativas que o Grajaú pulsa.

Pra dar conta de tantas narrativas convidamos outros artistas do Grajaú para estarem com a gente nessa travessia. E topamos todos nós, nos jogarmos nos abismos, mas entendemos que juntos poderíamos dançar e voar.

Talvez esse espetáculo seja o último da Cia Humbalada, nessa trajetória de treze anos de luta, resistência, alegrias, abismos e muitas imensidões. Ele é um desenho de uma utopia, ele é o findar desse ciclo de treze anos. Do amanhã não sabemos muito se outros ciclos nascerão. Mas nos propomos agora a levantar voo, voar. Uma coisa entendemos, é que o Grajaú vai continuar e não pode mais seguir sangrando....

ESTREIA: 
14/10(Sexta) às 20hs

TEMPORADA: 14/10 a 03/12

HORÁRIOS :
Sextas às 20hs
Sábados às 21hs

ONDE: 
Galpão Cultural Humbalada (Av. Grande São Paulo, 282, Prox. a estação de Trem Grajaú)

RESERVAS: 
Serão reservados 30 lugares por apresentaçao pelo email: ciahumbaladadeteatro@gmail.com 

FAIXA ETÁRIA:
16 ANOS

VALOR
PAGUE QUANTO PUDER E SE PUDER

SÓCRATES, PLATÃO E EU

Imagem 1 - "A morte de Sócrates" por Jacques-Louis David

Imagem 2 - "A Escola de Atenas" por Rafael Sanzio

Imagem 3 - "Sarau do Grajaú" por Daniel Alexandrino

COM A PALAVRA, BENETTE BACELLAR

A receptividade do público em relação ao A LER VAZIOS tem sido fantástica.

ZINE PROTESTIZANDO #11

No PROTESTINZANDO #11 apresento algumas experimentações baseadas em representações geométricas, em cálculos matemáticos e em estudos acerca da complexa relação molecular que existe entre letras, formas e números.



quarta-feira, 5 de outubro de 2016

LEANDRO KARNAL - O PRECONCEITO

Muito interessante essa palestra, onde o professor Karnal discorre sobre o preconceito no decorrer da História, abordando principalmente temas como misoginia, racismo e desigualdade social. Em relação ao último tema, também escrevi algumas ideias semelhantes no texto (SOBRE VIVER) que publiquei no meu primeiro livro (PROTESTIZANDO - BIÊNIO POÉTICO).

Além disso, esse vídeo também me permitiu refletir sobre a forma com que posso desenvolver as palestras que venho realizado ultimamente, onde abordo a poesia concreta, exibindo diversos exemplos e fazendo uma análise dos mesmos.

A SOLIDÃO NAS REDES

Internet, redes sociais, filosofia, neurociência, educação, cultura, tecnologia, comportamento.

ALUMINIONS #38

lacoste.

GALERIA MARGINAL #59

Artista: Beatrix Potter (1866-1943)