O aborto é um tema
muito abrangente que abre um grande leque para debates acerca de várias
questões; sobre o que é o aborto, sobre suas causas, sobre questões éticas,
sobre questões sociais, sobre o direito da mulher, sobre violência, etc. É um
tema sobre o qual estive pesquisando e estudando materiais dos mais variados
dos que se dizem a favor ou contra o direito da mulher ao aborto, para que
assim, eu pudesse formar uma opinião sobre o assunto baseado na realidade e não
em opiniões infundadas.
Analisei várias
estatísticas e verifiquei que é muito, muito alta a taxa de abusos que as
mulheres sofrem diariamente no mundo todo. Fiquei até um tanto abismado ao ver
a quantidade de crianças e adolescentes que constavam nestas pesquisas. Muitas
destas estavam organizadas de modo a focar também nas classes sociais que tais
vítimas estavam inseridas, e logo fica constatado que a maior parte dos abusos
são contra mulheres de baixa renda. Estas que, muitas vezes não sabem como
proceder e não podem recorrer a um atendimento médico de qualidade, seja por
causa do preconceito que poderá sofrer por parte da equipe médica, seja por uma
falta de conhecimento sobre o assunto, e acabam realizando um aborto de risco
com a ingestão de medicamentos abortivos ou abortos clandestinos, que é a maior
causa de mortalidade das mulheres que praticam o aborto, devido as dependências
insalubres e equipamentos não recomendados para que o procedimento seja feito
de forma segura.
Uma questão bastante
abordada é sobre o início da vida. Há os que dizem que a vida tem início logo
após a concepção, há os que dizem que a vida tem início a partir do
desenvolvimento da capacidade cerebral do feto, enfim, diversas opiniões que
devem ser analisadas utilizando-se de um senso crítico e não baseadas em
preceitos dogmáticos e religiosos como verificado no documentário ‘Blood Money
– Aborto Legalizado’, onde uma bancada religiosa criminaliza o aborto, em
qualquer ocasião, até mesmo quando há risco de morte para a gestante.
Com base neste tema
delicado que é o aborto, penso que deve haver uma reflexão profunda antes de se
formar qualquer opinião; deve-se pensar na vida da gestante, nas probabilidades
de uma gravidez indesejada acontecer – pois métodos contraceptivos não funcionam
100% -, nos casos de estupro, nos casos em que há algum tipo de anomalia
genética, também deve-se pensar na estrutura familiar e acima de tudo na
vontade da gestante de poder ou querer prosseguir ou não com a gestação, pois
afinal, o corpo é dela.
Há os que proferem
pensamentos retrógrados referentes a casos de estupro e de gravidez indesejada,
se referindo as roupas ou com o discurso “para fazer foi bom”. Isso tudo sem
analisar a questão de um ponto de vista crítico, pois, o tipo de roupa que uma
mulher usa no seu cotidiano, lazer etc. não justifica um possível abuso. E
muitas vezes há a falta de uma educação e conscientização de uma parcela de
jovens que praticam o ato sexual.
Acho um absurdo uma
mulher que foi abusada sexualmente, sofreu um trauma psicológico e muitas
outras coisas horríveis ainda ser considerada culpada por estar nesta situação.
E como um casal de jovens ou jovens sozinhas - como ocorre em muitos casos –
ficam numa situação onde não têm o mínimo de estrutura familiar ou econômica
que suporte o crescimento de uma criança serem obrigadas a prosseguir com uma
gestação.
O discurso de alguns é
o da vida em primeiro lugar, mas penso comigo, como todos terão uma vida
saudável estando inseridos nesta realidade? Deve haver uma grande pressão
psicológica, pois, de um lado não há uma estrutura fisiológica, social e
econômica adequadas e do outro o direito ao aborto é "demonizado".
Nos estudos é pontuada
a seguinte questão: se uma mulher não deseja prosseguir com a gestação ela irá procurar
uma forma de realizar o aborto, onde, quem tem dinheiro procura clínicas
especializadas e realizam o procedimento de forma segura. Mas, e as mulheres
que não têm condições financeiras para arcar com os custos, o que acontece? O
aborto clandestino, onde muitas se submetem a práticas desumanas, porque com
base em alguns depoimentos, muitas têm receio de procurar o sistema público de
saúde, e algumas até já sofreram algum tipo de discriminação por parte dos
“profissionais” por optar pelo aborto. Ou seja, quem que tem dinheiro realiza o
aborto de forma segura e sigilosa, quem não tem é submetida a um tratamento
cruel onde muitas vezes acabam sofrendo com hemorragias internas, cicatrizes físicas
e psicológicas, e no pior dos casos, a morte.
O aborto é algo
terrível para a mulher, tanto fisicamente quanto psicologicamente, nenhuma
delas gostaria de passar por esta situação, portanto, acho que deve haver uma
conscientização e reflexão sobre o impacto dele na sociedade, onde o direito ao
aborto seguro e gratuito seja algo possível para as mulheres que são vítimas dos
abusos nesta sociedade todos os dias.
O direito de a mulher
poder optar por um aborto seguro em alguns casos já foi parte de uma conquista
pela liberdade de escolha e sobre próprio corpo, mas ainda existe muito mais a
ser conquistado.
Também utilizei algumas questões do ELS Discussions para refletir sobre o assunto:
http://www.esldiscussions.com/a/abortion.html
Também utilizei algumas questões do ELS Discussions para refletir sobre o assunto:
http://www.esldiscussions.com/a/abortion.html
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